quarta-feira, junho 17

Pequenas indignações (III)

Há poucas coisas que me irritem ao ponto do cancelamento de séries. Especialmente boas séries, que eu esteja a seguir. E que estejam a chegar a um ponto crítico. E que alguém esteja a morrer. E que a última imagem seja a bala lentamente a esvoaçar enquanto corta a barreira do som quase como quem não quer a coisa, de modo a alojar-se no local mais estratégico para ter o melhor efeito visual /derramamento de sangue. E que não se conheça que atirou. E que seja eu. Não, esperem, peço desculpa. Tópico errado. Nota: psicanalista.
Vários cancelamentos de várias séries causaram em mim uma profunda tristeza, que envolveu comiseração, dor emocional, lenços de papel, e um pouco de muco nasal até, para que nada faltasse à construção de um cenário verdadeiramente trágico. Como exemplo começo por referir, Journeyman. Para uma sci-fi lover como eu sou (não especialista - apenas lover, e ansiosa por discussões teológicas profundas sobre assuntos já tratados) achei que a série tinha elementos promissores. Criou-me curiosidade, tive vontade de ver mais. Mas não não, o quê? Uma série que cria o desejo de ver mais? Não pode ser. Esta não pode continuar. Ainda para mais se obriga a pensar. Não, vamos retirar o Senhor da Rome, e fazer um belo de um recasting para a Anatomia de Grey.
Não me entendam mal aqui: Gosto de Anatomia de Grey. Vi todas as temporadas e também já chorei baba e ranho (sou uma sentimental clássica; há dias em que choro com tudo; para acrescer, tenho um humor mórbido que não lembra a ninguém). E claro dou graças aos céus todos os dias pelo Kevin McKidd... Bem, existir! Mas tive pena de terem cancelado a série. Bastante. Não digo que tinha potencial para 45 temporadas mas para uma ou duas tinha de certeza. Não percebo.
Mas bem. A outra foi, masters of science fiction. Tinha potencial!; Lembrou-me da bela twilight zone, tales of the crypt... Lendárias. Mas com uma focalizações, para além de bastante anti-guerra e anti-USA, para os problemas actuais. E eu a pensar "porque é que já não se fazem séries destas?" e bem, pelos vistos fazem-nas mas são canceladas ao sexto episódio. Provavelmente, por falta de audiências. Mais uma vez.
E the last but not the least:
Vi a série Firefly nos intervalos de estudo. E fiquei fascinada. maravilhada. Apaixonada. Sofri com estes personagens, ri, chorei, senti... E amei cada um deles. Em 13 episódios Joss Whedon mostra-nos mais uma vez que consegue realizar conexões emocionais em qualquer tipo de universo, com qualquer tipo de espécie ou carácter, mostrar o mais humano e o mais brutal, o mais doentio e o mais sábio de cada universo. Numa mistura de géneros que varia entre star trek underground meets visual star wars meets western, esta série marcou-me. O filme completou a série o melhor que conseguiu mas não chegou. Deixa vontade de ver mais, receber mais, aprender mais, conhecer mais. É uma série que não merecia ser cancelada. Merece ser reconhecida.
É uma série de ver, e chorar por mais. Faz-me espécie! Vão ficar à espera que com a evolução da espécie eventualmente cresça um segundo cérebro ao ser humano que ele consiga de facto utilizar para, entre várias ordens de discussão, manterem boas séries no ar, que obriguem a pensar e que tenham algum tipo de obrigação intelectual mais desafiante?
Não acho justo para nós que de facto utilizamos o que temos! Não acho justo para nós que temos a capacidade de apreciar o que é bom, ou pelo menos acima da média. Se é uma boa série? Sim. Se é um conceito inovador, uma brisa de ar fresco? Sim. Se mereceu ser cancelada? Não.
Se os "mauzões" foram os que cancelaram a série? Também não. A culpa é de todas as pessoas que não querem pensar, que não querem ter nada a ver com um género qualquer só porque sim, as pessoas que têm a certeza que estão bem como estão e que deixam que exista uma dominação completa da tal aversão à mudança, ao novo. Das pessoas que já estagnaram há muito, muito tempo. As pessoas que deviam era acordar para a vida e tentar usar as últimas células cerebrais existentes... Bando de retrógrados... Sinceramente!
E por hoje, é só. E para variar, o meu conselho, é: Vejam.

2 comentários:

João disse...

GRANDE post!

adorei...sinto tudo aquilo que tu dizes (ok, talvez um bocadinho menos pk tu és tu e essas coisas :P lol) e irrito-me enormemente quando séries que gosto são canceladas...estava a gostar do journeyman!quanto ao firefly, estou a ver... :P

continuo a adorar o que escreves e como o escreves...e subscrevo a crítica aos "atrasados! (lá está, eu posso escrever isto!lol) que não são capazes de ver outras coisas que nunca viram...enfim...

José Pedro disse...

Não vi nenhuma dessas séries. Até agora... Mas fiquei chocado quando cancelaram Eli Stone. Fiquei parvo quando cancelaram The Unit, que eu achei que tinha imensos fãs. Fiquei triste com o cancelamento de My Name is Earl, não tendo ele acabado a sua lista. Fiquei chateado com o cancelamento de Terminator - the Sarah Connor Chronicles. Terminator é um clássico. Como se atrevem? Fico possesso quando cancelam uma série que acompanho, e não têm a decência de tentar um final decente. Ou tentar um final de todo. Ou simplesmente por não continuarem uma história que me acompanha. Para me vingar vejo mais 10 séries! Eles que se atrevão a cancelar desta vez. Nem sempre são séries da concorrência. E normalmente perco. Eles nunca me perguntaram até hoje se podiam cancelar... nem um "Com licença". Mas hei-de continuar a minha vingança, vendo mais e mais séries. É o meu estilo! :P