sexta-feira, maio 5

Monólogos cerebrais


Hoje à noite (re)vi o Moulin Rouge... Já tinha saudades... Cada vez que o vejo, lembro-me dos comentários da Ru ao longo de todo o filme, aqueles tão típicos de alguém que já o viu, de forma muito subtil e (claro! Não fosse ela a Ru lol) totalmente sem intenção mas a estragar as surpresas e a descobrir coisas por nós... (Na altura não conhecia a música "Like a Virgin", quanto mais saber que era da Madonna, e lembro-me de ela estar ao meu lado, começarem os acordes da música e tudo o mais.... «então estás a ver qual é a música né? LINDO!» e eu «ah!esta música! Pois! Não me lembro bem de quem era mas...Sim...Tou a ver»)
Apercebi-me de como este filme me marcou... Nesta minha recente "demanda amorosa"... Tinha EXACTAMENTE aquela ideia do «meu ex-menino» (e esta frase acabou de me dar um ar mt "pimp"), e não me tinha apercebido. Pú-lo num pedestal alto demais...Em que ele me estaria a magoar para me "salvar" de algum mal maior, ou algo do género. Como a grandiosa Satine fez ao Christian, e apesar de ela ter sido bem mais convincente do que "o meu cortesão" (zero pontos para a representação da parte do menino João). A isto sim se chama ver filmes a mais.... Pensando que não... Eu tinha mesmo a convicção que era uma situação em (quase) tudo idêntica. Tinha e, não vale a pena enganar-me, ainda tenho essa convicção. Porque mesmo depois de me aperceber de tudo isto!, invento raciocínios que vão buscar todo o enredo para usar como justificação. Raciocínios absolutamente desesperantes até para mim, que os formulo...
(Por exemplo - e transcrevendo por momentos um monólogo no meu cérebro - «É perfeitamente possível que ele goste de mim e não me queira magoar, mesmo porque para além de ter sido a última coisa que ele me disse, foi tudo muito estranho e seria a ÚNICA explicação razoável. Hum! Talvez tenha uma doença qualquer incurável e prefere que eu me afaste já... Talvez seja uma escolha de vida ou morte... Talvez a minha morte! Ou a dele! Como no Moulin Rouge! Vês? Aha!» E aqui, rematando com este argumento mais que definitivo, termina a discussão - apenas para começar mais tarde, num momento particularmente aborrecido do meu dia, como a minha aula de Psicologia ou uma viagem de metro.)
Lá está... Muito deprimente... E a culpa de tudo isto é do belo Moulin Rouge, que marca as nossa vidas de uma maneira absolutamente cruel (Quem não passa a imaginar momentos românticos em cenários com nevoeiro que nos dá pelos joelhos, dançar com guarda-chuvas, qual Gene Kelly, na ponta da Torre Eiffell e uma lua com voz de tenor?), pronto romântica (e desesperante)... Sinto uma necessidade enorme de me controlar e pensar que um amor assim é perfeitamente possível, que claro que marca a vida de uma pessoa, mas que não DESTRÓI necessariamente essa vida (sim, a imagem do Ewan McGregor no início do filme é francamente desmotivante), só porque acabou (por razões trágicas como a do filme ou de outra forma, quem sabe - se a rapariga não tivesse tuberculose mais tarde não se chateavam devido ao passado promíscuo dela, ou "a família" os "amigos"... Enfim talvez descobrissem que não eram assim tão certos um para o outro! Claro, estou a tentar não ser céptica...) Acredito mesmo que este amor é possível. Este «until my dying day».
A minha hora não chegou - E ainda bem, porque só tenho 17 anos - mas... Quem mandou o "Moulin Rouge" intrometer-se na minha vida??? O que conduz à pertinente questão... Quem será a próxima vítima?

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