sexta-feira, agosto 21

Escritor do Dia: Haruki Murakami

Li, num só dia, o último livro que adquiri de Haruki Murakami: Sputnik, Meu Amor. Pessoalmente, acho sempre os titulos dos seus livros no mínimo, sugestivos... E encontro neles sempre um gosto de fantástico, uma sugestão de insanidade mental e de instabilidade severamente distribuída para fazer o mínimo de sentido.
Com Kafka à beira-mar, passei as muitas páginas a pensar que tinha chegado ao Livro Twilight Zone: O que raio se está a passar aqui? Cheguei ao final e respirei bem fundo! Com After Dark - Passageiros da Noite, senti-me num filme alternativo em que as imagens eram, apesar de apelativas, difusas e desconcertantes; A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol despertou em mim uma ternura pelos personagens principais, pelo amor nunca realizado e perdido...
Sputnik, Meu Amor trata da história de Sumire, uma rapariga de 20 anos que deixou a faculdade por aspirar a ser escritora. Sumire apaixona-se por uma mulher mais velha, Miu, que aparece repentinamente na sua vida e a convida para trabalhar consigo. A história é narrada por um jovem referido apenas como "K", que está apaixonado por Sumire. É um amor não correspondido, mas Sumire considera K o seu maior confidente.
O livro foca alguns aspectos importantes de relações humanas: Como nunca conhecemos realmente ninguém, incluindo nós próprios e a pessoa com quem estamos. A solidão, como nos seus anteriores romances, está bastante presente, tal como a escolha entre o que sonhamos ser e os sacrifícios que acabamos por ter de realizar para conseguirmos integrar-nos na sociedade.
"Por fim, começou a contar a história. Pouco a pouco, cada fragmento de cada vez. Algumas partes ganharam vida própria, outras nunca chegaram a desenvolver-se. Do relato faziam parte os inevitáveis saltos e lacunas, alguns deles eivados de um significado muito especial. No papel de narradora, a minha tarefa consiste agora em ir reunindo - aos poucos - esses elementos num todo coerente"
Este livro fascinou-me do princípio ao fim! Surpreendeu-me com o seu final muito David Lynch (mas notemos, muito menos frustrante, se é que podemos caracterizar algo como David Lynchiano sem ser pelo menos um bocadinho frustrante) e com a história pouco usual que nos dá a conhecer.

Não tão a puxar para o "fantástico" como os seus outros romances, Sputnik, meu amor foi uma óptima leitura, que nos faz querer ler mais e mais deste escritor, que consegue sempre, no mínimo surpreender-nos... Eu pessoalmente já tinha uma certa saudade de gostar tanto de ler um livro! Aproveitem o Verão e surpreendam-se!

quinta-feira, agosto 13

Grey's Anatomy - Revisited

A pergunta é: O que torna "Grey's Anatomy" uma série especial, diferente das outras?
Ponto assente: Gosto! Top dos tops? Ups, isso já não sei... Se gosto de ver "séries de médicos"? por acaso, até esta chegar, nem por isso... Mas esta não é propriamente uma série de médicos, pois não? É uma série de pessoas... O que sentem, os problemas e dramas pessoais, tão reais como os nossos, para além de salvarem (e "perderem") vidas todos os dias. Esta série traz consigo a noção, bastante real, que médicos são pessoas tão normais (ou menos) que todos nós, que cometem os mesmos erros como one-night-stands, discussões mesquinhas, divórcios inacabados, dificuldades financeiras, relações no local de trabalho...
O que é fantástico nesta série? A emoção. Tenho muita pena meus amigos mas sejam ou não sentimentalistas - e eu sou, muito - vocês vão ficar ligados a estes personagens, vão sentir tudo o que bom ou mau acontece na vida de cada um deles, vão querer bater em alguns, abraçar outros...
O que ajuda - e muito - à emoção, é a música. Ora, isto não é novidade para ninguém, todos nós sabemos a diferença que não faz uma musiquinha dramática num momento crítico... Mas nesta série... Estamos a ouvir a música e parece-nos sempre perfeita para o que se está a passar naquele momento. Já não sabemos bem se estamos tristes/alegres/desanimados pela música ou pelo resto. E tem muita da que eu gosto de chamar ...
Sim, a banda sonora de Grey's Anatomy pode ser de ouvir e chorar por mais... Mas é a maneira como é utilizada, e o seu timing, que a faz um auxiliar tão magistral ao longo das várias temporadas.
Personagens? Exist
em muitos, e diversos tipos... Penso que eles tentaram cobrir vários backgrounds, diferentes personalidades... e com sucesso... Mas devo, claro está, apontar uma coisa: Nunca se viram tantos cirurgiões com cara de super-modelos... E sexy's... Pelo amor de deus, a Katherine Heigl como cirurgiã? Ainda estou para perceber como é que me convenceram a mim disso...
Esta última temporada foi.. estranha é a palavra... Se há coisa que me faz muita confusão quando estou a seguir uma série (qualquer uma) é ter a impressão que os escritores não sabem muito bem onde é que estão a ir, e o resultado é "o engonhanço" E gente, isso não faz bem a ninguém... Tudo bem, voltou o Denny, que eu, e acho que toda a população feminina, agradecemos, mas parecia que... Não se chegava a lado nenhum! O George, que eu sempre achei que tinha um potencial enorme, desapareceu completamente... Para o desfecho que se viu. Quer dizer, já não acham utilidade para o rapaz, estragam a personagem e depois, pronto... Está feito? Daqui lavamos as nossas mãos? (E mais uma vez OBRIGADO pelo Kevin McKidd... Mas não od eixem desaparecer! Seria uma pena!)
Enfim, penso que se fartaram de estragar histórias de personagens em detrimento de outras que não eram assim tão mais apaixonantes. Na minha opinião? Perderam-se! Não estou assim tão ansiosa para ver a próxima temporada... Mas claro, vai ter de ser :D pode ser que recuperem! Mas é difícil criar uma imagem mais marcante do que a Katherine com o seu vestido rosa... Temos que lhes dar isso, como é que se arranja melhor final?
(Tenho visto ER, e tenho a dizer... Parece-me muito mais com uma "série de médicos", estou mesmo a adorar a série :-) Mas deixar de ver Grey's anatomy? Nop, não senhor, isso não há-de acontecer! Simplesmente, são diferentes... ER tem um aspecto mais,..rudimentar, selvagem, frenético, que eu adoro... Grey's Anatomy é mais... "limpinha". Mas uma coisa é certa: No dia em que tirarem a Bailey, eu deixo de ver! De certezinha absoluta!)

terça-feira, agosto 11

John Mellencamp

Mas é que já não se fazem mesmo músicas destas!! Aproveitem e arranjem a "small town" e "hurts so good" Claramente que nasci na década errada...

terça-feira, agosto 4

Dirty Harry (1971) Vs. Gran Torino (2008)

Primeiro ponto a ficar assente: O Clint é o MAIOR, ok?Temos n filmes que nos foi deixando como fantásticos legados, desde os mais antigos como "por um punhado de dólares", "o bom o mau e o vilão", "escape from alcatraz" e "pontes de madison county" aos mais recentes como "million dollar baby", "imperdoável", "mystic river", "a troca" ou "flags from our fathers" e "letters from iwo jima", q ainda não vi mas mal posso esperar...
Mas claro, é impossível não recordar Clint Eastwood na sua aparição constante (Quantos filmes foram mesmo? Cinco?) como o Inspector Harry Callahan a.k.a. Dirty Harry. Vi o primeiro e temos que dar a mão à palmatória aqui... Não vou tão longe como dizer "o melhor de sempre" mas digo sim - inesquecível! Aliás, mesmo que o filme fosse terrível, valia a pena só pelo clássico momento:

"I know what you're thinking. Well, to tell you the truth, in all this excitement I kind of lost track myself. But being as this is a .44 Magnum, the most powerful handgun in the world, and would blow your head clean off, you've got to ask yourself one question: Do You Feel Lucky? Well, do ya, Punk?"

Impagável...
Quanto ao Gran Torino, depois de uma bela sessão de cinema já começada bem pela noite adentro, com uma taça de pipocas e com algumas posições mais confortáveis que outras, Gran Torino foi uma surpresa. As gargalhadas que acaba por provocar (não são para todos, mas para mim tenho a certeza que sim) e a ligação emocional que relutantemente reconhecemos no ecrã, juntamente com o grande actor que (ainda) é Clint Eastwood, fazem-nos apreciar o filme muito mais do que qualquer outro filme com as mesmas quase duas horas...

Uma das coisas que gosto mais neste filme é a parte "moral", a parte que nos diz que até mesmo uma personagem tão inflexível como o Walt criado por Clint tem a capacidade de reconhecer que tem estado errado, e está disposto a provar isso até ao final.
A presença do Gran Torino, ao longo de todo o filme está, a meu ver, excelente. E até eu, que não percebo rigorosamente nada de carros excepto que têm uma determinada cor, matrícula, quatro rodas e motor, fiquei com vontade de ficar com ele para mim.
Clint Eastwood aparece no ecrã, dizem que pela última vez como actor, verdadeiramente envelhecido. Os anos passaram realmente e, embora já tenhamos ficado com essa impressão no seu grande Million Dollar Baby, aqui temos a confirmação absoluta: O tempo já não volta atrás. Ficamos assim com todas as grandes películas que nos deixou, e as que ainda deixará decerto da sua autoria. Mas lembremos para sempre, as grandes personagens que criou, como actor e realizador, que nos marcaram a memória e que vamos relembrar para sempre.
Se Gran Torino é um revival de Dirty Harry? Bem, com certeza que não podemos deixar de ligar uma personagem à outra. Há demasiadas semelhanças. Mas prefiro pensar que, mais uma vez, conseguiu-se criar algo totalmente novo, e que este filme foi um dos não muitos deste ano que se mostrará futuramente, um a recordar.